
Porquê o Baixo Alentejo
Como chegar ao ConventoO Baixo Alentejo é uma sub-região da Região do Alentejo, limitada a norte pelo distrito de Évora, a leste por Espanha, a sul pela região do Algarve e a oeste pelos concelhos de Odemira e Grândola. Corresponde a 10,8% do território nacional e incorpora 13 concelhos: Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Ourique, Serpa e Vidigueira.
As principais atividades económicas deste território estão associadas à exploração mineira (pirites), à silvicultura, à gestão de espécies cinegéticas e, de forma significativa, à atividade agropecuária e à produção agroalimentar associada, com destaque para a produção de azeite, vinhos, queijos, enchidos, presuntos, aguardente de medronho e mel.
É uma região com um importante Património Natural identificado e classificado, destacando-se o Parque Natural do Vale do Guadiana e a Reserva da Biosfera de Castro Verde (atribuída pela Unesco).
O seu património cultural rico e distinto é o reflexo da confluência cultural a que este território esteve sujeito, dada a sua proximidade com as civilizações do mediterrâneo - fenícios, romanos, árabes, berberes - tiveram aqui contactos comerciais ou estabeleceram-se, e com a reconquista cristã, outras influências viriam a pontuar o território: sítios arqueológicos, museus, igrejas, castelos, aldeias e vilas com as suas construções tradicionais denotam estas diferentes heranças, que também se materializam no saber fazer e nas manifestações culturais, em que a produção do vinho de talha, inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, ou o Cante Alentejano reconhecido como Património da Humanidade pela UNESCO são exemplos.
O vinho uma herança na Região
Há referências que indicam que se produzia vinho no Alentejo desde o século VI a.C. No entanto, a difusão mais significativa desta produção na região é atribuída aos romanos que, há 2000 anos, trouxeram os instrumentos, as técnicas e os recipientes para a fermentação (as dolia romanas, antepassadas das talhas), que perduraram, com poucas alterações, até ao século XXI. Na villae romana de S. Cucufate, próxima de Vidigueira, durante as escavações arqueológicas, encontraram grainhas no lagar, atestando que, naquela exploração, na época romana, já se produzia vinho. Continuou-se a produzir, mesmo no período em que o Baixo Alentejo estava sob o domínio islâmico, Al Mutamid, rei-poeta de Sevilha, que nasceu em Beja, canta, nos seus poemas, os predicados do vinho.
Após a reconquista cristã, o vinho voltou a ganhar protagonismo, num território em que as ordens religiosas foram pilares do repovoamento. Os monges, nos diferentes conventos, terão sido guardiões dos saberes associados à arte de fazer vinho.
Na época moderna e contemporânea, a cultura do vinho no Baixo Alentejo teve períodos de prosperidade, como o reconhecimento internacional de um vinho branco da Vidigueira, ao conquistar a Grande Medalha de Honra na Exposição de Berlim de 1888, e de decadência, para a qual fatores como a filoxera e a campanha de trigo terão contribuído, nomeadamente com a redução das áreas de cultivo da vinha.
Nos anos 60 do século XX, surgiram no Alentejo várias Adegas Cooperativas que foram fundamentais para a reafirmação do vinho alentejano. No Baixo Alentejo, foram criadas a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, em 1960, e a cooperativa da Granja-Amareleja, em 1965. Mais tarde, a valorização do vinho da região passou pela regulamentação e pela criação das primeiras denominações de origem alentejanas, os vinhos DOC, criando-se as sub-regiões vitivinícolas: Vidigueira, Granja-Amareleja e Moura.
No início do século XXI, o vinho alentejano começou a dominar o mercado nacional e a afirmar-se nos mercados externos. No Baixo Alentejo, houve um crescimento das áreas de vinha nas sub-regiões e, sobretudo, surgiram novos e inovadores projetos em concelhos nos quais já não havia tradição de plantar vinha, como Almodôvar, Beja, Castro Verde, Ferreira do Alentejo e Mértola.
As Sub-regiões do Baixo Alentejo
No Baixo Alentejo existem 3 sub-regiões dos vinhos com Denominação de Origem Controlada do Alentejo. São vinhos com características e individualidades associadas a uma região geográfica determinada, que cumprem um conjunto de regras consignadas em legislação própria. Estão estabelecidas as castas recomendadas, métodos de vinificação e características organolépticas. O controlo de qualidade é assegurado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana.
- Granja-Amareleja
- Moura (inclui o concelho de Serpa)
- Vidigueira (inclui os concelhos de Cuba e Alvito)
O Vinho de Talha
A produção de Vinho de Talha tem no Baixo Alentejo especial relevância. Esta forma de produção - semelhante ao processo de produção introduzido na região há 2000 anos pelos romanos - manteve-se como forma de produção tradicional praticada em muitas comunidades. Este vinho produzia-se e produz-se para a comercialização, quando os processos modernos de produção do vinho se afirmaram, nomeadamente com a criação das cooperativas, continuou-se a produzir no âmbito da produção familiar, como um vinho que se faz em cada casa, para a partilha com amigos e vizinhos, um espaço de experimentação, criação e competição. Fazer “vinho do pote”, “do tareco” ou da talha é uma prática comum mesmo para aqueles que não tem a atividade agrícola, como atividade profissional, mas que mantém a tradição de fazer o vinho como aprenderam com os seus pais e avós. É um processo que tem resistido com base na transmissão oral de um saber fazer experimentado. Esta prática manteve-se em todo o território com principal expressão em comunidades como: Amareleja, Cuba, Ervidel, Vidigueira, Vila Alva e Vila de Frades.
Recentemente o município de Vidigueira liderou o processo de inscrição “da Produção do Vinho de Talha “ no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (inscrito em Novembro de 2023). 22 Municipios do Alentejo estão associados a esta inscrição. Pretende-se levar esta manifestação a ser reconhecida e inscrita na lista do Património Cultural Imaterial da Unesco.
Várias são as adegas que guardam no seu interior as grandes e bojudas talhas, alguma particulares, que abrem exclusivamente para receberem os seus convidados, outras para além da produção do vinho, têm associada a atividade turística, promovendo programas que possibilitam que o visitante conheça melhor o modo de produção, visite as vinhas e saboreie o vinho a acompanhar uma refeição.
Turismo
Turismo e vinho estão, no Baixo Alentejo, muito interligados, a diversidade de projetos empresariais, encaminha-nos para propostas turísticas distintas, desde as abordagens mais tradicionais, aos projetos mais inovadores, aqueles em que a própria adega se impõe enquanto projeto arquitetónico irreverente que pode alojar um Centro de Arte, ou simplesmente a maior vinha em produção biológica, que nos dá a conhecer os pressupostos deste tipo de produção. Fazer um Picnic no meio da vinha, participar nas vindimas, dar um passeio a cavalo entre as vinhas ou fazer uma massagem vínica, são algumas das experiências disponíveis.
Nestes enoturismos podemos encontrar restaurantes de cozinha tradicional, e outros com uma cozinha de autor, experiências gastronómicas diferentes, mas que normalmente utilizam e valorizam os recursos endógenos de excelência: carnes, enchidos, queijos, ervas aromáticas, azeites, pão.
E para que a experiência seja total, há que escolher um enoturismo que também tenha alojamento. No Baixo Alentejo encontram-se os melhores hotéis vínicos, desde pequenas unidades hoteleiras com uma oferta de serviços excecional, associadas a produções de grande notoriedade, até outras unidades mais simples, agro-turismos com vinhas, e que a sua produção é menos significativa ou que só produzem a talha dos amigos.
Como se costuma dizer, há oferta para todos os gostos e vinhas nos enquadramentos paisagísticos mais espetaculares!
Vinhos do Baixo Alentejo porque…
Os vinhos do Baixo Alentejo afirmaram-se ao mostrarem uma grande pureza da fruta, com aromas e sabores exuberantes, utilizando para isso uma combinação de castas regionais e internacionais e aliando métodos ancestrais às novas tecnologias. Este território passou a dispor de um conjunto de adegas modernas com tecnologias de última geração e de enoturismos de grande qualidade, reconhecidos como os melhores de Portugal. A região é também o epicentro do Vinho de Talha, um vinho autêntico do território, uma vez que o processo de produção é praticamente todo realizado pelo ser humano, com pouca intervenção tecnológica e química, mantendo uma forte ligação à História e à cultura do povo alentejano. A filosofia do Vinho de Talha é deixar a natureza e o ano fazerem o vinho, conectando-nos assim com o lugar e com uma ideia de sustentabilidade ambiental e de pegada ecológica reduzida.
Inovação, Sustentabilidade e Certificação
No Baixo Alentejo a inovação e a sustentabilidade são pilares em que a viticultura se baseia de forma crescente. A instalação de vinhas em novos locais, em que tradicionalmente não se suporia possível, é também exequível graças á utilização de tecnologias que permitem uma maior rentabilização dos recursos, à inovação, à utilização de novas castas, bem como a adoção a processos enológicos inovadores.
Na região do Alentejo desde 2013, que a CVRA desenvolve o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos Alentejanos (PSVA), este programa é gratuito e de adesão voluntária, o mesmo baseia-se em 3 pilares, ambiental social e económico; produzir uva e vinho de qualidade, de forma economicamente viável, proteger o ambiente e desenvolver boas relações com a comunidade e com os colaboradores. No Baixo Alentejo, 167 viticultores já aderiram ao programa, que corresponde a 59% da área de vinha região.
A certificação é o passo seguinte, produtores empenhados em avaliar e alterar os seus procedimentos assumindo um programa de boas práticas nas diferentes áreas. Este é desafio a que 10 produtores da região se envolveram, desenvolvendo ações que lhes permitiram alcançar a Certificação de Produção Sustentável. Esta pode ser aferida quer na sustentabilidade na viticultura, quer na sustentabilidade da Adega, ou em ambas.
